O adulto que afirmar nunca ter contado uma mentira certamente está mentindo! Muitas vezes, a gente faz isso até em contextos habituais. Por exemplo, quem já não deixou de atender a um telefone e fingiu não vê-lo tocar?
Mas quando a história é com as crianças, a coisa já muda de figura! Bate aquela preocupação e surge um tanto de sentimentos desconfortáveis, não é mesmo? Sendo assim, você sabe como lidar com as mentiras dos filhos? Até que ponto é normal criança contar mentirinhas?
Conversamos com Jang Sin, mentora familiar, que nos ajudou a entender melhor essas situações e deu algumas dicas de como lidar com as mentiras dos filhos. Continue a leitura!
A mentira é um elemento comum em nossas interações sociais — e, muitas vezes, necessária! Por exemplo, imagine você almoçar na casa de alguém e falar que não gostou da comida! Criaria uma situação desconfortável, não é mesmo?
Crianças também têm seus motivos: obter algo favorável ou evitar uma situação negativa. Por volta dos 2 anos de idade, já aprendem pequenos comportamentos: como o de esconder um objeto ou acusar o cachorro por uma traquinagem.
“É um mecanismo de defesa, principalmente se a criança percebe que o ambiente é cheio de autoritarismo e com muitas brigas. Ela mente porque tem medo: da reação dos outros, da punição, de magoar alguém”, esclarece Jang Sin.
Sabia que crianças autistas costumam ter dificuldade em mentir? Isso acontece porque um dos sintomas do transtorno é um comprometimento nas interações sociais!
Para os especialistas, mentir pode demonstrar um bom desenvolvimento, pois esse comportamento requer um trabalho cognitivo complexo. Por outro lado, é importante ensinar bons valores e evitar que isso se torne um problema. Veja as dicas de como lidar com as mentiras dos filhos!
Não coloque a criança em uma situação que estimule a mentira. Por exemplo, se você sabe que foi ela que quebrou o vaso, não pergunte a ela se fez isso. Ela sentirá medo e, provavelmente, mentirá.
Em vez disso, explique o motivo de não brincar perto de coisas frágeis, pois, ainda que não seja a intenção, ela pode deixar algo quebrar. Peça ajuda para a limpeza, dentro do que ela conseguir fazer.
Jang Sin explica que há sempre um motivo por trás. Pode ser fugir de um possível castigo ou não ter que fazer o dever de casa, por exemplo.
Pode existir, ainda, muita fantasia. Crianças até os 5 anos têm grande facilidade com a imaginação. Então, acusar o amigo imaginário, por exemplo, nem é considerado mentira. “Elas misturam a fantasia com a realidade e realmente acreditam que a história é verdadeira”, explica Jang Sin.
É legal analisar também se a conduta em casa estimula isso. “Como está sendo a postura dos pais? Existe algo que leve a criança a mentir? É preciso se lembrar de que a mentira é uma forma de ela se defender”, avisa a mãentora familiar.
Depois, ao descobrir os motivos, ajude a criança a encontrar uma saída saudável. Se ela está evitando o dever de matemática, será que ter a sua ajuda para resolver os exercícios pode mudar isso?
É comum os pais optarem por punições severas (como castigo ou palmadas) como forma de tentar educar. Mas a verdade é que isso não produz o efeito esperado: não ensina que não pode mentir e só incentiva a criança a se aprimorar na mentira, nas próximas vezes.
“A comunicação é a melhor forma. Em vez de começar já repreendendo, é preciso conversar. É preciso entender a criança. Muitas vezes, dá para fazer combinados”, indica Jang Sin. Na conversa, explique que mentir quebra a confiança e pode prejudicar a relação. Fale que, assim, as pessoas ficam muito chateadas, se afastam e tendem a não acreditar mais.
Valorize a honestidade da criança e do adolescente, ainda que tenham feito algo do seu desagrado, como tirado um zero na prova ou faltado aula para ir ao shopping com os amigos.
Leia histórias: elas são ótimas formas de educar. Os pequenos, principalmente, tendem a se identificar com os personagens, a sentir empatia e a entender as consequências. Um dos contos infantis mais conhecidos é Pedro e o Lobo, que narra como o garotinho se deu mal depois de tantas mentiras.
Já ouviu falar na importância do pai, da mãe e dos outros familiares serem coerentes? Todo mundo precisa praticar o que está sendo ensinado. Por isso, se você está se perguntando como lidar com as mentiras dos filhos, procure analisar isso. As crianças aprendem muito por observação e tendem a imitar quem acham ser uma referência.
Às vezes, crianças e adolescentes aprendem a mentir porque sentem que os adultos não estão dispostos a conversar, a entender o lado deles ou a abrir mão de uma opinião. Por exemplo, por achar que não poderá ir a uma festa, a filha inventa que vai dormir na casa de uma amiga.
Tente ouvir os argumentos e encontrar um meio-termo, algo que agrade um pouco os dois lados. Será que é possível deixá-la sair e combinar que o pai vá buscá-la na festa, em determinado horário?
Falamos daquelas pequenas mentiras socialmente aceitas. Mas e quando a mentira é nociva e tem a intenção de prejudicar outra pessoa?
A partir dos 4 ou 5 anos, as crianças já começam a perceber que existe esse tipo de mentira. É importante, então, conversar e mostrar as consequências para ela e para a pessoa prejudicada, trazendo um contexto de empatia.
Se o comportamento é frequente e, principalmente, se a criança é mais velha, próxima aos 10 anos, não custa procurar um especialista infantil, que poderá avaliar o caso de perto e orientar de forma direta.
Uau! Quantas dicas de como lidar com as mentiras dos filhos, não é mesmo? Não esqueça ainda que apostar em uma relação próxima, com vínculo materno e com outros familiares e muitas brincadeiras, também ajuda no desenvolvimento saudável e facilita esse tipo de ensinamento, combinado?
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