Crianças com autismo precisam de estímulos para se desenvolverem, exatamente como as demais. A diferença é que essas crianças aprendem de forma diferente, necessitando de mediações e intervenções específicas para superar barreiras e aprimorar capacidades.
Por isso, a participação dos pais é fundamental para que elas atinjam os marcos de desenvolvimento. Afinal, por meio de interações e brincadeiras diárias, e, claro, a orientação de profissionais capacitados, é possível reduzir os sintomas do atraso e melhorar habilidades essenciais para a vida do autista.
Pensando nisso, preparamos um artigo especial para mostrar quando começar a estimular crianças autistas. Ao final, apesentamos atividades que contribuem para o desenvolvimento saudável dessa galerinha. Vamos lá?
Quando começar a estimular crianças com autismo?
O tratamento precoce e individual contribui positivamente para o desenvolvimento das crianças autistas, tanto a curto como a longo prazo. “É importante expor a criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) a diversas atividades, levar ao parquinho, à piscina, incluir nas atividades da casa”, orienta Marcelly Motta, psicóloga de crianças com autismo e atrasos.
A profissional explica, ainda, que o papel dos pais é imprescindível para estimular crianças autistas. Com as orientações adequadas, eles aprendem a manejar comportamentos e podem aproveitar as oportunidades do dia a dia para impulsionar as capacidades de seus filhos de maneira natural e divertida. “Procurar uma equipe especializada para iniciar o tratamento e orientação parental é o primeiro passo. Essa atitude é importante para alcançarmos a socialização e integração da criança com autismo. Além disso, saber identificar as dificuldades do filho, como ele reage perto de outras crianças e em ambientes com muito barulho faz toda a diferença”, complementa Motta.
Como estimular crianças com autismo em casa?
Em casa, situações cotidianas podem se transformar em momentos de muito aprendizado, sabia? A ideia é trabalhar ao máximo a autonomia e independência da criança com TEA, incentivando-a comer sozinha, tirar e colocar a roupa ou calçar os sapatos, por exemplo.
Marcelly Motta salienta que, além de trabalhar bastante o contato visual durante as interações, a fala é uma aliada para o contato. “No banho, é interessante levar brinquedos que a criança gosta e trabalhar onomatopeias, como tibum, ploft, uau. Pode pedir para a criança seguir comandos simples ou de passos, dependendo do desenvolvimento, como pegar, passar ou esfregar, sempre com muito afeto”.
Quais são as melhores atividades para crianças com autismo?
Saiba que existem várias atividades bacanas para incentivar o desenvolvimento de crianças com TEA. Basta fazer algumas adaptações e, acima de tudo, respeitar as limitações individuais delas. Explicamos mais sobre o assunto a seguir. Confira!
Brincadeiras lúdicas
As brincadeiras também funcionam como uma ferramenta importante de desenvolvimento para crianças com autismo. Por isso, vale a pena propor atividades lúdicas que promovam a comunicação para que elas tenham a chance de se conectar com outras pessoas, além de aprimorar habilidades afetivas, cognitivas e psicomotoras.
“Brinque com a sua criança. Na brincadeira, estimulamos o contato visual, a imitação, a fala. Observe qual o interesse dela e explore ao máximo no momento da brincadeira, sempre com muitos sons. Aproveite também as brincadeiras sensório sociais, como as cócegas, levantar a criança no alto”, aconselha a psicóloga.
Veja, abaixo, alguns exemplos de brincadeiras lúdicas para crianças com autismo:
- jogos de memória: estimulam o raciocínio lógico;
- brincar com massinha de modelar: trabalha a coordenação motora, criatividade e concentração;
- desenhar com tinta guache: estimula a visão e o tato, além da criatividade;
- fazer bolinhas de sabão: melhora a coordenação visual e motora;
- brincadeira de pega-pega: para incentivar a conexão interpessoal;
- jogos de imitação: para estimular a linguagem corporal e adquirir novos comportamentos.
Sobre os melhores brinquedos para crianças com autismo, Marcelly Motta salienta que isso simplesmente depende dos interesses da meninada. Por isso, observar o que as crianças mais curtem é fundamental: “se a sua criança gosta de carrinhos, faça uma pista de carrinhos, coloque o carrinho na cabeça para estimular o contato visual, desenhe e pinte carrinhos”.
Ainda segundo a psicóloga, o ideal é explorar ao máximo as oportunidades, considerando o que a criança mais gosta. Além disso, garantir que ela esteja interessada nos pais e cuidadores enquanto brinca.
Comunicação Alternativa e Ampliada (C.A.A.)
“Se a criança apresenta dificuldades na comunicação que comprometem a socialização, é importante o acompanhamento de uma profissional e, se for o caso, uso de comunicação alternativa com figuras”, aponta Marcelly Motta.
Em suma, a Comunicação Alternativa e Ampliada consiste em uma estratégia de comunicação que vai além da oral. Por meio de gestos, língua de sinais, cartões com imagens simples e até aplicativos, por exemplo, a criança é capaz de fazer comentários, pedidos e compartilhar seus sentimentos e pensamentos.
A ferramenta ajuda crianças com autismo a ganhar confiança e autonomia para se comunicarem sozinha. A ideia é que sejam capazes de formar frases e se expressar melhor com os outros. É uma estratégia valiosa, que deve ser reforçada em casa, sempre com a orientação de profissionais capacitados.
Uso da tecnologia assistiva
A tecnologia assistiva pode contribuir bastante para o desenvolvimento de crianças com TEA, dando suporte em várias tarefas do dia a dia, sabia? Por exemplo, assistentes virtuais que funcionam com comando de voz, como a Siri ou Alexa, ajudam a meninada a estudar pela web, ouvir música ou receber lembretes.
Existem, ainda, recursos de digitação por voz, que auxiliam crianças com dificuldades de coordenação motora a escrever. Isso sem contar os audiolivros ou programas que leem textos em voz alta. Uma simples bengala ou um tênis com velcro são itens podem ser considerados como tecnologias assistivas.
Aliás, qualquer recurso utilizado para ajudar pessoas com deficiência em suas habilidades funcionais pode ser considerado uma tecnologia assistiva. E, no caso das crianças com autismo, essas ferramentas se tornam importantes para possibilitar que tenham mais qualidade de vida, inclusão social e independência.
Criação do pote da calma
O pote da calma é um objeto muito simples, inspirado na pedagogia Montessoriana. Ele tem o intuito de tranquilizar crianças pequenas depois de crises de choro, ansiedade ou birra, por exemplo. Dentro de um recipiente, tinta e glitter colorido se movem, proporcionando um momento de distração para a meninada, que tem a chance de se acalmar e respirar fundo.
O item ajuda crianças com autismo a terem autocontrole, contribuindo para a regulação da frequência cardíaca e respiratória. Mais calma, a meninada tem a chance de reconhecer mais suas emoções e sentimentos.
Confira o passo a passo para fazer o pote da calma:
- um pote com tampa (os de plástico são mais seguros para crianças com autismo);
- 3 colheres de chá de purpurina;
- 2 colheres de sopa de cola glitter;
- uma gota de corante alimentício;
- água quente.
A quantidade de purpurina e glitter pode variar de acordo com o tamanho do pote. O processo, no entanto, é o mesmo. Basta colocar todos os ingredientes no recipiente, cuidando para deixar um pequeno espaço vazio, e misturar com uma colher. Depois, é só fechar bem com a tampa.
Pronto. Você já sabe como os pais podem ajudar no desenvolvimento de crianças com autismo! Como pode conferir, o tratamento precoce e individual é essencial para alcançar a socialização e integração dessa meninada. Por isso, é essencial buscar a orientação e o acompanhamento de profissionais capacitados.
Gostou do nosso conteúdo? Aproveite que está por aqui para conhecer dicas essenciais para fortalecer o vínculo entre pais e filhos!