Icterícia neonatal: entenda as causas e cuidados necessários

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Ictericia neonatal
Bebê prematuro recebe atendimento em CTI Neonatal

Existem algumas condições clínicas que podem acometer os bebês recém-nascidos nas primeiras horas ou dias de vida. Entre esses problemas está a icterícia neonatal que, assim como outros quadros, gera preocupação por causa da fragilidade dos pequeninos.

No entanto, quadros como esse podem ser revertidos sem causar prejuízos para a saúde do bebê. Inclusive, muitas vezes acontecem em função das condições fisiológicas da criança. Logo, é preciso ter atenção e cuidado, mas não é necessário se desesperar.

Para entendermos um pouco mais sobre a icterícia que acomete recém-nascidos, conversamos com uma especialista, a Dra. Ivani Mancini, pediatra e apresentadora do podcast Pediatracast. Continue lendo para se informar melhor sobre esse assunto e saber como cuidar bem do seu bebê.

O que é a icterícia neonatal?

Você já deve ter ouvido falar sobre o amarelão. Esse é o nome popular pelo qual é conhecida a icterícia, uma condição que provoca o amarelamento da pele e da parte branca dos olhos. Esse quadro clínico também pode se manifestar em bebês recém-nascidos e costuma trazer preocupação para os pais.

A icterícia neonatal ocorre com certa frequência e, assim como o quadro que acomete os adultos, se caracteriza pela coloração amarelada da pele e dos olhos dos bebês. Porém, no caso deles, existem dois tipos diferentes: a icterícia fisiológica e a icterícia patológica.

No primeiro caso, os sintomas começam após as primeiras 24 horas de vida da criança, nos primeiros dias do bebê em casa. O quadro costuma se manifestar entre o segundo e o quarto dia após o nascimento, mas o pico ocorre entre o quinto e o sétimo dia. A icterícia patológica se manifesta mais cedo, antes de o recém-nascido completar 24 horas.

Quais as causas mais comuns da icterícia em bebês recém-nascidos?

A tonalidade amarelada que caracteriza a icterícia neonatal ocorre em decorrência de um acúmulo de bilirrubina no organismo. Esse pigmento de cor amarela é liberado de uma forma natural pelo corpo durante a quebra dos glóbulos vermelhos. Mas a icterícia neonatal fisiológica e a patológica têm causas diferentes.

O acúmulo de bilirrubina pode ocorrer devido ao fator fisiológico porque o recém-nascido tem uma grande quantidade de glóbulos vermelhos. “A produção de bilirrubina nos recém-nascidos é praticamente o dobro do nível de um adulto, equiparando-se por volta de duas semanas de vida. Isto ocorre porque o recém-nascido nasce com muitos glóbulos vermelhos e ocorre a degradação de uma parte dessas células, gerando mais bilirrubina”, explica a pediatra.

O órgão responsável por retirar a bilirrubina do sangue é o fígado, que também a encaminha para o tubo digestivo. No recém-nascido, ele ainda não está maduro, então, há uma dificuldade maior para eliminação; assim, sobra mais bilirrubina circulante. Ela se acumula, provocando impregnação no branco dos olhos, na pele e nas mucosas.

“No caso da icterícia patológica, ou seja, a icterícia que acontece antes das primeiras 24 horas de vida e costuma ter uma rápida elevação dos níveis de bilirrubina, a causa principal é a incompatibilidade entre o sangue da mãe e do bebê”, Ivani esclarece.

Segundo ela, essa incompatibilidade pode se dar entre os grupos sanguíneos ABO ou Rh. Além da icterícia neonatal, o aumento muito rápido da concentração de bilirrubina oferece o risco de desenvolver a eritroblastose fetal, que acontece quando há uma incompatibilidade entre o sangue da mãe e do bebê.

Quais são os tratamentos mais indicados para icterícia neonatal?

A tendência é de que a icterícia neonatal reduza gradativamente sem qualquer tipo de intervenção. Isso porque o fígado do bebê se torna mais maduro e consegue favorecer a eliminação da bilirrubina por meio das fezes e da urina. É importante manter a hidratação da criança por meio da amamentação porque isso ajuda a reverter o quadro.

Entretanto, quando os níveis de bilirrubina atingem um determinado patamar, ou se não houver uma melhora ao longo dos dias, o pediatra poderá indicar a fototerapia. Esse é um tratamento muito simples, no qual o bebê é exposto a uma lâmpada que emite luz no espectro azul-verde.

Segundo Ivani, “a luz modifica a forma e a estrutura das moléculas de bilirrubina, de modo que ela possa ser eliminada tanto pela urina quanto pelas fezes. Durante a fototerapia, o bebê usa apenas a fralda e uma proteção para os olhos. O tempo de fototerapia depende do grau de icterícia em que o recém-nascido se encontra”. 

No caso do bebê com níveis de bilirrubina muito altos, é preciso adotar uma medida mais urgente, realizando uma exsanguineotransfusão. “O bebê é submetido a uma transfusão sanguínea para trocar o seu sangue; assim alcançamos uma redução rápida da concentração de bilirrubina, mas esses casos são raros”, acrescenta a pediatra.

Depois de realizado o tratamento e quando os sintomas já regrediram, com a pele e os olhos retornando à tonalidade normal, não é preciso adotar nenhum outro cuidado especial. A icterícia, quando tratada a tempo, não provoca prejuízos para a saúde do recém-nascido.

Quais são os riscos de não cuidar corretamente da icterícia no bebê?

Ainda que essa seja uma condição frequente e que não oferece um grande risco para a saúde do bebê, é preciso ter atenção com os quadros de icterícia neonatal. Os níveis de bilirrubina não podem ultrapassar um determinado limite porque a alta exagerada e uma exposição prolongada trazem consequências negativas.

Os altos níveis da bilirrubina no sangue podem causar a impregnação do cérebro e da medula espinhal, causando uma lesão denominada kernicterus. Ela provoca paralisia cerebral e perda auditiva, trazendo complicações para o desenvolvimento da criança.

Por isso, é preciso ter bastante atenção e não esperar chegar o dia da primeira consulta do bebê para esclarecer dúvidas. O ideal é procurar o pediatra assim que perceber qualquer alteração, a fim de iniciar os cuidados para que o pequeno não tenha nenhum problema.

Entretanto, Ivani ressalta um detalhe: “é importante lembrar que, por razões ainda desconhecidas, bebês que mamam leite materno exclusivo podem ter icterícias que se prolongam bastante, algumas vezes por mais de quinze dias, não havendo nenhum prejuízo para essas crianças”. 

De toda forma, é muito importante conversar com o pediatra responsável, fazer o acompanhamento e observar todas as recomendações e cuidados com o recém-nascido. Assim, você garante que o pequeno não terá nenhum tipo de complicação.

Não se esqueça de que a icterícia neonatal é uma questão corriqueira, de fácil tratamento e que não traz prejuízo para o recém-nascido quando há o acompanhamento de um pediatra. Seguindo todas as recomendações do especialista, em pouco tempo o organismo do bebê estará equilibrado e os sintomas vão regredir.

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