Algumas crianças costumam ser mais quietinhas e tendem a se fechar para o desconhecido. Normalmente, essas atitudes estão relacionadas à timidez na infância e costumam preocupar bastante os pais. Porém, até que ponto isso pode significar um problema?
Antes de responder a essa pergunta, é importante ressaltar que a timidez pode ter vários graus. Quanto mais cedo você descobrir se a criança tende ao lado menos saudável, melhor será — afinal, a infância é a fase ideal para tratar o quadro e conseguir mudanças.
Nesse caminho, compreendendo a preocupação, a equipe do blog Modo Brincar conversou com Carolina Burd, pedagoga especialista em Psicopedagogia e Neurociência. Então, se quiser saber mais sobre o assunto, é só vir com a gente!
O que causa a timidez na infância?
Timidez é um comportamento: crianças tímidas são aquelas mais caladas, observadoras e retraídas diante de uma interação social. Normalmente, elas são mais comedidas, mesmo ao lado de coleguinhas já conhecidos e da mesma idade, e podem brincar sozinhas, muitas vezes, esperando que o amigo tenha a iniciativa de chamá-las.
A timidez na infância pode aparecer em razão de um temperamento, que é a parte inata e genética da personalidade. Portanto, filhos de pais tímidos têm tendência a serem também. Ainda há a influência do próprio ambiente. Porém, pode ser só uma fase típica do desenvolvimento.
“Na primeira infância, a timidez é uma reação ao novo, ao desconhecido. A criança está começando a explorar o mundo à volta, saindo do convívio exclusivamente familiar. Ela está conhecendo novos ambientes e pessoas, entendendo como tudo isso funciona e se relaciona”, explica Carolina.
Até que ponto a timidez é saudável?
Contudo, até que ponto a timidez na infância é saudável? De acordo com Carolina Burd, essa reação ao novo pode servir como um mecanismo de sobrevivência, eficaz para proteção da criança, preservando-a de possíveis riscos. “Pensar: ‘quem é essa pessoa? Devo me aproximar?’, mostra a capacidade de análise e reflexão da criança, que é muito importante”.
Entretanto, é claro que a timidez excessiva na infância pode ocasionar grandes problemas. Exemplo disso é quando as crianças apresentam dificuldades em estabelecer vínculos com outras e demonstram emoções negativas diante de uma interação ou exposição social.
Nesses casos, a psicopedagoga alerta: “pais, professores e pessoas próximas devem ficar atentos aos sinais de que algo não vai bem”. A seguir, veja alguns comportamentos que podem evidenciar esse excesso:
- ter dificuldade em expressar o pensamento;
- falar gaguejando ou apresentar mudez em contextos sociais;
- não conseguir emitir uma opinião;
- não ter amizades ou preferir sempre brincar sozinha, mesmo com outras crianças ao redor;
- deixar de fazer algo que gosta por medo e insegurança;
- apresentar choro, dor de barriga e enjoo diante da necessidade de se expor em uma situação.
A timidez e o desenvolvimento infantil
Afinal, a timidez na infância interfere no desenvolvimento? A resposta para essa pergunta é sim! Dependendo da gravidade, essa reação pode prejudicar o desempenho escolar, a relação com os colegas e o desenvolvimento cognitivo em diversos aspectos, como autoestima, inteligência emocional e aquisição de habilidades.
“A timidez atrapalha quando a meninada deixa de fazer coisas, viver experiências, impor-se e expressar-se por medo do que pode acontecer. A característica exagerada pode levar à dificuldade de aprendizagem ou, ainda, a uma autocobrança perfeccionista”, completa Carolina.
Como tratar a timidez infantil?
Diante desses pontos, você deve estar se perguntando: como tratar a timidez infantil? Bom, em casos de comportamentos excessivos, os pais podem auxiliar a criança de diversas maneiras. Veja!
Faça pequenos estímulos
Os pais ou responsáveis são a referência para a criançada, então podem ajudar a passar segurança frente à situação de desconforto. “Eles podem intermediar a relação da criança com outras. Chegou ao parquinho? Em vez de se sentar e deixar o filho sozinho, seja uma ponte para ele brincar e conversar”, indica Carolina.
Escute
A família também deve estreitar os laços afetivos e possibilitar um espaço para a escuta. “A criança precisa sentir segurança para falar sobre medos e problemas. Os pais precisam ouvir sem interromper, reprimir ou minimizar a dificuldade dela. Deve haver esse espaço de acolhimento”, explica a psicopedagoga.
Não coloque rótulos
O modo como os adultos se referem às crianças também pode fazer elas se sentirem inseguras e se verem pouco capazes. “Dizer que a criança é tímida e tem vergonha, principalmente na presença dela, não colabora para ela se sentir mais à vontade”, explica Carolina.
Não force nada
Também é importante não forçar alguma situação, obrigando a criança a fazer algo que não queira. A paciência é necessária, assim como o respeito ao espaço e ao tempo dela.
Como brincadeiras podem ajudar com a timidez na infância?
Como falamos lá no começo, a infância é o momento mais propício para diminuir possibilidades de transtornos, estimular a autoconfiança e o desenvolvimento saudável. Jogos e brincadeiras são ótimos recursos para isso. Entenda suas vantagens!
Facilitam a autoexpressão
“No faz de conta, por exemplo, a criança pode assumir outros papéis e vivenciar situações que ‘na vida real’ não teria coragem de viver. Então, de forma lúdica, ela consegue expor medos e aflições, elaborar essas sensações e sentimentos internamente e aprender a lidar melhor com eles”, esclarece Carolina.
Promovem a socialização
As brincadeiras também podem facilitar as relações sociais, ajudando a criança a interagir de uma maneira mais leve. Além disso, os jogos ajudam a diminuir a ansiedade com o contato social, já que tudo se torna divertido.
“Jogos do tipo ‘Imagem e Ação’, em que uma pessoa precisa fazer desenho ou mímicas para as outras adivinharem, são ótimos. Outra opção é a brincadeira ‘Eu Sou’, em que um escolhe a carta com o nome de um personagem, coloca na testa sem saber quem é, enquanto os outros participantes dão dicas para ele adivinhar”, recomenda a psicopedagoga.
Quando é necessário buscar apoio profissional?
A ajuda profissional é necessária quando a família nota que, mesmo com o crescimento da criança e os estímulos, ela apresenta dificuldades ou prejuízos. A timidez nem sempre é simples de superar sem apoio profissional.
“Quando é assim, um psicólogo pode trabalhar no sentido de desenvolver habilidades sociais e promover a autoestima. Já um psicopedagogo pode tratar os danos causados, como uma dificuldade de aprendizagem”, explica Carolina.
Blog Modo Brincar: dicas para você e sua família
Como podemos ver, a timidez na infância pode ser saudável em certo aspecto. Porém, a partir do momento em que a criança deixa de aproveitar as brincadeiras e parece muito receosa na relação com os coleguinhas, é hora de redobrar a atenção e ajudá-la a fugir dos excessos.
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