Síndrome de Asperger: o que fazer após o diagnóstico

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síndrome de asperger|síndrome de asperger
Criança brinca com blocos de montar

Entre as condições de saúde que afetam algumas crianças está a Síndrome de Asperger. Já ouviu falar? Na verdade, o nome é até um pouco ultrapassado, já que os psicólogos e os neurologistas, agora, classificam esse distúrbio dentro do autismo, no grau leve.

É que, de tempos em tempos, sai uma nova edição de um manual, o DSM, no qual constam os distúrbios psíquicos. Em 2013, quando saiu a última versão, essa síndrome sofreu alteração na classificação.

Quer entender mais detalhes sobre os sintomas e como lidar com tudo? Conversamos com Simoni Pires da Fonseca, terapeuta ocupacional, que nos explicou várias particularidades. Continue com a gente!

O que é a Síndrome de Asperger?

Como estávamos falando, a Síndrome de Asperger é uma espécie de autismo, só que em um grau mais leve. Ela é classificada como um distúrbio de neurodesenvolvimento e tem características bem específicas.

“As crianças com esse tipo de autismo não chegam a ter um comprometimento cognitivo, como problemas na aprendizagem escolar, mas elas têm dificuldade na interação social. Contudo, ainda podem levar uma vida saudável, com estudos e trabalho, se houver uma atenção ao seu desenvolvimento desde cedo”, conta Simoni.

A Síndrome, segundo, a terapeuta, tem incidência maior em meninos, em uma proporção de quatro para um. Ou seja, a cada quatro meninos, uma menina é diagnosticada. Essa avaliação pode ser feita por profissionais especializados em neurodesenvolvimento, como psicólogos, neuropsicólogos, psiquiatras e neurologistas.

Quais são os sinais de alerta?

Simoni conta que, ao contrário dos outros graus de autismo, esse nem sempre é descoberto ainda nos primeiros meses depois do nascimento. Geralmente, a desconfiança surge quando os pequenos começam a frequentar a escola e interagir com os colegas.

“Isso porque essas crianças têm dificuldade em se comunicar. Elas não chegam a ter problema em falar ou responder perguntas, mas não conseguem continuar uma conversa. Respondem exatamente o que foi perguntado, mas não dão continuidade ao diálogo.”

Outra característica que pode surgir, segundo a terapeuta, é a linguagem sofisticada e a dificuldade para entender algo no sentido figurado. “Mesmo crianças pequenas, de cinco anos, podem ter um vocabulário robusto e formal. Algumas até preferem conversar com adultos e demonstram inteligência acima da média. Mas costumam levar tudo ao pé da letra. Se alguém diz que está chovendo canivetes, elas interpretam isso pelo sentido literal.”

Mais um sinal da Síndrome de Asperger é a dificuldade em lidar com coisas abstratas, como sentimentos e pensamentos. Por isso, muitas não conseguem demonstrar empatia ou expressar os próprios sentimentos.

Algumas também apresentam TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), com comportamentos repetitivos e compulsivos, como mania de arrumar e enfileirar objetos. Também, podem fazer parte os movimentos descoordenados e uma fixação por um determinado assunto, como dinossauros ou planetas.

Como auxiliar no desenvolvimento da criança autista?

A situação é comum: muitas vezes, a nossa criança recebe o diagnóstico, mas ficamos naquela: perdidos e sem saber como ajudar. Com relação a isso, damos as seguintes dicas!

Auxilie na construção de uma rotina confortável

É bem legal incentivar os pequenos a se cuidar sozinhos, ainda que tenham Síndrome de Asperger. Claro que, dependendo da idade, precisarão de um supervisionamento, mas tenha em mente que é importante terem uma rotina normal. Assim, avalie dar algumas tarefas de casa e criar momentos em família.

Respeite a individualidade do pequeno

Cada criança tem suas próprias limitações e dificuldades. Instruir é importante, mas cuidado para não querer forçar um comportamento ou aprendizado para o qual ela ainda não está preparada, combinado? Isso só causará estresse e não será efetivo.

Ajudar em algumas habilidades

Lembra-se de que falamos da dificuldade na socialização? Pois é. Por causa dela, é importante estimular a interação com outras crianças. “Esses pequenos precisam aprender a ter contato. É interessante ajudar nessa criação de vínculo e na empatia”, ressalta Simoni.

Facilite a comunicação

síndrome de asperger

“Os pequenos diagnosticados com o autismo leve filtram as informações da nossa fala de um modo diferente”, lembra a terapeuta. “Falar muita coisa, sem objetividade, pode atrapalhar. Então, a dica é especificar, ser direto no que a gente quer pedir. Isso deixará a compreensão mais fácil.”

Não se esqueça de definir limites

Sim, eles têm limitações. Mas isso não quer dizer que precisamos ceder a todas as vontades, está bem? Eles precisam entender regras e saber, do jeitinho deles, que existe o certo e o errado. Assim, ao perceber uma atitude errada, vale a pena ensinar, com calma.

Procurar bons profissionais

Simoni nos conta que existem muitos profissionais que podem ajudar no tratamento da Síndrome de Asperger. A escolha de cada um dependerá dos sinais e das necessidades individuais.

“O tratamento precisa ser de acordo os sintomas clínicos. Um fonoaudiólogo, por exemplo, trabalha a linguagem e a dicção. Também, pode treinar diferentes tons de voz e a compreensão das expressões faciais.”

Já o psicólogo lida com o comportamento. Uma abordagem bastante utilizada, segundo Simoni, é a comportamental (com a técnica ABA, que usa reforçamento de comportamentos). Esse profissional também faz treino de habilidades sociais.

A profissional complementa que terapia ocupacional trabalha com foco na instrução de atividades diárias e com a integração sensorial, um processo no qual o cérebro precisa organizar as informações que recebe, para agir de forma adequada no ambiente.

Também há a equipe médica, com neuropediatra. Inclusive, ele e o psicólogo podem atuar juntos em questões como o TDAH (Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade) e o TOC, se estiverem presentes.

Como os brinquedos podem ajudar no desenvolvimento da criança?

Você sabia que, assim como existem brincadeiras para crianças com Síndrome de Down, também há aquelas para estimular o desenvolvimento de quem tem Síndrome de Asperger? Selecionamos as mais legais aqui!

Jogo de tabuleiro

Está sentindo dificuldade em ensinar regras? Os jogos de tabuleiro são ótimos para isso! Você pode começar por aqueles mais simples, que têm diretrizes mais fáceis. O fato de precisar esperar a vez ou realizar um comando a cada jogada ajuda os pequenos a introjetar isso.

Pelúcias

Pelúcias são macias, por isso, muito boas para os mais novinhos. São ótimos pretextos para estimular a interação com os amigos e praticar a comunicação.

Também, podem ajudar a incentivar a empatia. Quer outra dica? Crie histórias que falem sobre sentimentos e demonstre suas reações. Por exemplo, se o ursinho ficou triste, aja acolhendo essa tristeza dele.

Blocos de montar

Os blocos de montar ajudam na coordenação motora, algo que algumas crianças precisam treinar bastante. O ideal é começar com as peças maiores e, com o tempo, optar pelas menores.

Por fim, Simoni recomenda: “é muito importante o acompanhamento precoce para evitar agravamentos lá na frente. Quando tratamos a Síndrome de Asperger no começo, as crianças passam pala adolescência e fase adulta com mais saúde, podendo usufruir de mais oportunidades”. Sendo assim, não deixe de dar atenção aos detalhes que mencionamos aqui, combinado?

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