O aleitamento materno é recomendado por, no mínimo, 6 meses. Mas sabia que, no Brasil, a média da amamentação só vai até 54 dias?
Debater o assunto, esclarecer dúvidas, derrubar mitos e espalhar informações sobre as consequências do desmame precoce é importante para que nossas crianças tenham a oportunidade de se desenvolver de maneira saudável.
Por isso, trouxemos alguns esclarecimentos e dicas aqui no post. Pedimos ajuda de Tathiane Avila, que é enfermeira, pós-graduada em Obstetrícia e consultora em aleitamento materno. Ela trabalha na área materno-infantil há 9 anos e tem como missão encorajar mães e famílias, com informação, acolhimento e técnicas que ajudam no sucesso com a amamentação. Acompanhe a leitura!
Quais as principais causas do desmame precoce?
Desmame precoce: afinal, por que ele é tão comum no Brasil? O que leva mamães e famílias a não darem continuidade a esse ato tão necessário? Já começamos esclarecendo essas causas. Confira!
Pega incorreta
Mamar é instintivo de todo recém-nascido. No entanto, isso também demanda aprendizagem por parte dele e da mãe. A pega incorreta impede o sucesso na sucção, fazendo com que ele tente sugar, mas o leite não saia, o que leva à frustração.
A mulher, por sua vez, pode ficar com os seios feridos, o que desestimula continuar tentando. Os primeiros dias com o bebê são mais difíceis, mas é importante continuar tentando.
Falta de informações
De acordo com a experiência de Tathiane Avila, a falta de informações também influencia bastante o desmame precoce. “Por mais que a mulher decida amamentar, ela vai precisar de suporte para se prevenir e blindar seu ato durante o percurso”, observa.
Existem na cultura obstáculos que precisam ser superados. Um exemplo disso pode ser encontrado em indústrias que tentam vender produtos e propagam informações errôneas. “Por isso, a mãe precisa de apoio de profissionais de saúde, bem como o incentivo do companheiro e de uma rede apoio”, explica.
Uso de bicos e chupetas
“Se a criança for exposta a bicos artificiais para receber complementação ou para fazer sucção não-nutritiva, ficará ainda mais suscetível ao desmame precoce. A livre demanda e a frequência no peito aperfeiçoam a sucção do bebê, o que também estimula a produção de leite materno, de acordo com a necessidade da criança”, explica Tathiane Avila.
Preconceito
Infelizmente, ainda há preconceito. Alguns estereótipos deixam as mamães envergonhadas, então evitam amamentar em público. Com isso, o bebê é introduzido a fórmulas e incentivado à introdução alimentar antes do tempo ideal.
Círculo vicioso das fórmulas infantis
A regra é: não existe leite materno fraco, combinado? O ideal é que as fórmulas infantis sejam usadas somente em casos extremos e receitadas por um médico que acompanhe a criança. Um exemplo pode ser em situações de desnutrição séria ou quando há um parto prematuro. De qualquer forma, a amamentação no peito ainda deve ser estimulada.
Falta de entendimento sobre o choro do bebê
Muitos de nós entendemos que, quando um bebê chora, ele precisa ser acalmado o mais rápido possível. Esse tipo de pensamento pode gerar ansiedade na família, refletindo na falta de persistência em tentar dar o peito.
O choro pode significar que algo não vai bem, claro. Mas, voltando à dica das chupetas, é importante evitar apresentá-las como forma de fazer cessar essa expressão de incômodo do bebê.
O bebê dá sinais quando não quer deixar de mamar?
Importante saber disso, não é mesmo? Tathiane Avila explica que o bebê demonstra, sim, alguns sinais: “ele se distancia do estímulo no peito, deixando de sugar, de estar pele a pele com a mãe. Ele pode demonstrar irritabilidade, chorar, morder, jogar a cabecinha para trás. Isso pode gerar baixa produção de leite, dor e insegurança na mãe. Porém, é preciso buscar informações para combater esses comportamentos”.
Como evitar o desmame precoce?
O desmame precoce é aquele que acontece antes dos 6 meses de idade. Confira as dicas para evitá-lo.
Investigando a causa na recusa
A especialista explica que a estratégia de fazer o bebê sugar corretamente é importante para continuar existindo a fabricação do leite. Algumas situações, como o encaixe dos lábios ou o freio lingual, podem dificultar, mas não devem ser entendidos como motivos de desmame precoce.
Indo atrás de informações
O leite materno é um alimento rico e tem nutrientes importantes para o desenvolvimento do bebê. As vantagens vão além da alimentação, sendo fonte de segurança e carinho para que a criança cresça com segurança. Também é um meio de criar o vínculo materno, o que é benéfico também para a mãe.
Meu filho desmamou precocemente, o que fazer?
Segundo Tathiane Avila, o ideal é que o fim da amamentação aconteça de forma natural, como consequência da maturidade e por decisão conjunta do bebê e da mãe.
Mas é claro que existem situações mais difíceis, em que mesmo com toda a boa vontade e as inúmeras tentativas, não é possível seguir com a amamentação. Nesse caso, o primeiro a fazer é se livrar de qualquer culpa. Afinal, todo processo é um aprendizado — para a mulher e a criança — e, como tal, não precisa sair perfeito.
Se ainda existir produção de leite, é possível pedir ajuda a bons profissionais, com um pediatra e uma pessoa especialista em orientar mulheres com esse problema. Assim como Tathiane Avila comentou, muitas vezes a família só precisa de um apoio.
Nas situações em que o leite cessar, então é necessário avaliar com um médico o que essa criança precisará. “O bebê que deixou de mamar cedo precisa ser bem assistido, pois, ficou sem receber um alimento que é irreparável em termos nutricionais e imunológicos. Buscar uma nutrição adequada será primordial para que ele tenha os nutrientes necessários para fortalecer o organismo vulnerável”, explica a especialista.
Estimular a amamentação é um dever de todos nós, já que o desmame precoce pode deixar o bebê mais suscetível a infecções e comprometer seu desenvolvimento. Isso sem contar que pode e afetar o apego seguro, que é criado no vínculo com a família. Sendo assim, se você precisar de ajuda, não deixe de procurar, combinado?
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